domingo, 30 de outubro de 2011

Domingo

Começa mais uma semana
Tenho estado muito bem nos útimos dias.
Tenho assumido responsabilidades que tinha antes da adcção, sem medo de errar
ou ser rejeitada pelas pessoas e feliz com minha participação no Caps.
Nesta luta diária, encontramos pessoas boas que torcem por nossa recuperação,
também tem aquelas que parecem torcer contra:
“Essa aí não tem mais jeito. Quero ver só até quando  até cair de novo”
Que Deus tenha piedade dessa gente careta e covarde como diria Cazuza.
O importante é que estou limpa, sóm por hoje ( Renato Russo)
Obrigada senhor por mais um dia.



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A vida continua e se entregar é uma bobagem..

A vida continua diz o poeta.
O dependente químico não sabe lidar com suas emoções,
e por muitas vezes, a recaída vem quando se frustra com algo,
alguém...
Fica triste, desnorteado, sem saber o que fazer se entrega
ao uso como se fosse uma alternativa de solução para tudo.
Tenho visto muito disto no Caps, que aliás está me fazendo um bem 
danado, por que não tive clareza de pensamentos para buscar
 essa ajuda antes? Respondo:
A doença nos manipula, sem percebamos  nos deixamos levar
só tendo lápsos de sanidade quando já fez merda.
Ma é isso aí, a vida continua...34dias hoje.


Obrigada senhor por mais um dia.





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ENFRENTANDO OS MEDOS E RESPEITANDO OS LIMITES

Hoje fui ao Caps cedo. Como sempre a reunião foi muito boa,
Voltei para casa com mais um pouquinho da "porção" de 
força que cada um encontra lá, (ao menos os que querem) e voltei
pensando, planejando, então de repente parei em frente a uma padaria 
onde estavam pessoas ainda na ativa, eu precisava comprar pão,
deu medo de entrar, pensei em ir em outro lugar mais então me dei
 conta de que não dá para fugir para sempre, que tenho que enfrentar
meus medos e entrei. 
Desejei um  bom dia para todos, pedi o que queria e saí, aliviada
por conseguir enfrentar meu medo, aceitando e respeitando minhas limitações,
aceitando que meu limite é o primeiro gole, respeito isso  a ponto de 
me sentir forte e não ceder a vontade de tomar uma cerveja gelada
usando a desculpa do calor e depois perder o controle da doença.


Obrigada senhor por mais um dia!

domingo, 23 de outubro de 2011

Um mês!

                                                                  





Estou feliz, trinta dias limpa,
sei que ainda tenho muito  pela frente
muitas coisas que ainda me faltam resgatar,
sei que a caminhada não vai ser fácil,
mas eu tenho fé em mim e em Deus
que tudo vai dar certo no final.
OBRIGADA SENHOR
POR MAIS UM DIA...
OBRIGADA SENHOR POR MAIS UM MÊS.


sábado, 22 de outubro de 2011

Sabado...

Olá meus queridos, agora vai ser um pouco complicado
 entrar todos os dias,
mas estarei sempre aqui para
atualizar, até que se organize algumas coisas.
Os ultimos dois dias foram , muiuto bons.
O caps tem me ajudado demais. Os grupos terapêuticos são maravilhosos.
Estou passando por um proceso de resgate da auto-estima,
esta sendo demais.
Como pequenas coisas que julgamos sem importancia fazem
 falta na vida ada gente.
Estou muito feliz em conseguir ver a vida de outro ângulo.

Obrigada senhor por mais um dia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Confiante no tratamento

Os dias de ontem e hoje também foram , tranquilos.
Fui ao Caps Ontem e e hoje, até que tem sido tudo meio corrido graças a Deus.
A reunião de hoje foi fantástica, como sempre, trouxe de lá muitas informações importantes,
muita força, muita coisa boa, a gente aprende a ter o controle das próprias emoções,
conhece pessoas que ajudam-nos com suas histórias e sua força de luta e é isso.
Hoje estou na marca dos 27 dias, graças a Deus, quase um mês, estou muito feliz.
Sinto que estou  redescobrindo a força vital que estava adormecida dentro de mim,
junto com ela a coragem de assumir quem eu sou e o que quero para minha vida,
sem medo da falta de  aprovação de ninguém.




Obrigada senhor por mais um dia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um dia frio...17/10/2011

Bons pensamentos atraem coisas boas, a vida é mágica.

É impressionante como as coisas paracem deslancharem-se
quando a gente procura melhorar, como dizem:
Ajuda-te e o céu te ajudará, desde que comecei a buscar ajuda
também comecei a ver as coisas de forma diferente, isso
repercutiu surpreendentemente em em meus projetos pessoais.
Desde a semana passada, coisas que pareciam estar bloqueadas
por meses começaram a acontecer naturalmente, inclusive
nas finanças, portas que lutei muito para abrir sem sucesso antes
estão abrindo-se sem maiores esforços.
Ainda não sei direito qual é a magia, nem sei mesmo se há
magia ou se eu estou aprendendo a lidar com a vida de uma
forma diferente, só sei que estou gostando muito.
Viva a magia da vida, a magia do poder de muda-la para melhor
e quando decidimos vencer, o universo conspira a nosso favor.
Sei que ainda falta muito para chegar lá, mas já dei oprimeiro passo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um dia frio...13/10/2011

Vítimas do descaso e da ganância



Hoje está um dia chuvoso em São Paulo, um dia em que os dependente 
que vivem na região da cracolandia sofrem mais.
Alguns ainda têm a consciência de irem para um abrigo durante a noite
e se drogam no durante o dia. Outros procuram as marquises, viadutos
ou qualquer canto que os permitam o uso, uma parte consegue algum dinheiro
para pagar uma diária num dos hotéis baratos e propícios.
Mas uma parte fica no frio, na chuva, indiferentes a própria vida, por vezes não
resistem, desistem, e não acordam no dia seguinte.
E seu corpo sem vida fica ali atrapalhando o tráfego das ocupadas pessoas 
até que chegue o resgate recolha para enterrar como indigente.
Tudo acontece debaixo dos olhos das autoridades que fingem importar,
fazem rondas horárias para mostrar serviço, mas para que se importar?
É um mercado muito lucrativo para muita gente, menos para os adictos doentes 
que não passam de crianças emocionalmente falando,
esquecidos sobre quem jogam toda a culpa pelos crimes de gente "grande".
Um  mercado lucrativo que nunca tem fim.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

11/10/2011

Primeiro dia do tratamento

Hoje fui até o Caps AD, acordei com muito sono, fiquei muito ansiosa
 durante a noite e dormi muito tarde.
Mas foi bom, cheguei lá as 8:30hs, sai de lá 11:20hs.
O encontro com o grupo de acolhimento foi muito bom.
Voltei tranquila, menos ansiosa e cheia de esperança.
Com a certeza na mente de que agora a coisa vai.
Porque antes eu tinha consciência de que precisava de ajuda,
mas nem sempre a ajuda que chega é a ajuda certa para a gente 
no momento.
E agora mais do que nunca eu sei que estou no caminho certo.
Hoje voltei segura, sem aquela sensação de que estou lutando
sozinha ou remando  contra a maré.
Estou feliz por estar sendo verdadeira comigo e com as outras pessoas.
Apredendo a dizer sim para o outro quando é sim para mim também e não
por  indução de terceiros ou medo de desaprovação .
E a dizer não quando é não para mim.
A vida segue, como um rio segue seu curso, as coisas sempre se 
encaixam onde tem que se encaixar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

10/10/2011-Segunda

Em busca de ajuda

Como havia dito anteriomente, hoje voltei no Caps AD.
Tive que acordar cedo apesar de ter dormido tarde,
deu uma preguiça, quase não fui, mas a aí pensei:
" meu bem estar físico em primeiro lugar", e levantei
 rapidamente para
não ceder a preguiça. Meu marido se ofereceu para
me levar mas quis ir sozinha.
Há muito não dirijo.
Há muito não saía em transporte público,
 foi interessante voltar a fazer isso
gosto de observar o comportamento das pessoas na rua.
Saí de casa sozinha entrei na van, a cobradora estava
passando um lápis
nos olhos, estiquei o braço com o dinheiro e pedi para ela cobrar,
ela me olhou com cara de ofendida ( segundona né?)
Cheguei ao Caps , passei por uma triagem inicial e voltarei amanhã
para encontrar um grupo as 8:00hrs.
Vou fazer isto 3 vezes por semana.
Vai ser difícil acordar cedo, aqui dormimos tarde,
mas por outro lado vai ser bom
ter uma certa displina de horários, ainda não sei direito como vou
conseguir  me organizar mas aos poucos vou descobrindo.
Voltei feliz para casa, gostei muito do lugar, estou cheia de esperança.
Deu para ver um pessoal fazendo artesanato nas oficinas,
gosto muito de artesanato
pretendo levar algumas "tecnicas" que aprendi para lá com o tempo.
E foi assim meu dia, estou feliz, quase desisti de ir, com preguiça mas fui.

sábado, 8 de outubro de 2011

Cracolandia SP : Um pedacinho do umbral aqui na terra

Os espíritas chamariam de umbral, os evangélicos chamariam de inferno, 
os católicos de purgatório, não importa, todas as opções anteriores definem 
o que é aquele lugar.
Dor, sofrimento, gritos silenciosos pedem socorro e a sociedade ignora.
Grande parte dos que estão ali quer ser resgatada, sofre, não tem força e
nem sabe como sair, para onde ir, como recomeçar, quem vai os aceitar?
Então é bem mais facil continuar preso nas correntes do vício acomodando-se
numa situação que não oferece nenhuma esperança de vida.
O local é uma verdadeira feira livre. Comercializa-se além da pedra inteira (chamda de bloco)
pequenos pedaços que são chamados de "trago", isqueiros, 
pedaços de canos de antena de tv para confecção de cachimbos, folhas de alumínio
roupas, objetos de uso pessoal, cachaça para atenuar a fissura ou amenizar os efeitos 
de um coração muito acelerado.
No momento em que usam se transforvam, alguns ficam violentos,  outros tem
a visão e audição aberta a outra dimensão,normalmente acontece a noite.
No dia seguinte quando o uso diminui e a depressão bate,
alguns até são solidários com os outros
e  se comovem com as suas mazelas e falam em parar, mas cadê a coragem de
encarar a família e a sociedade? Qual ponto de partida? Que tábua de salvação agarrar?
Muitas vezes via pessoas chegando bem arrumadas, com dinheiro para comprar comigo, 
no dia seguinte estava maltrapilha oferecendo seus tênis em troca de pedra, verdadeiros
 zumbis humanos, sem o mínimo dominio da  própria vontade.
Aquilo me fazia sentir a pior das criaturas, pior do que me destruir, estava destruindo também
e me deprimia. Foram os 3 piores meses de minha dependência,os que acumulei mais culpa. mas também foi o que mais me incentivou a querer parar.
Mas o umbral existe, estive lá antes do desencarne desta existência, tomei um drink com
o chefão do "vale dos nóias" (diabo) e voltei ilesa porque Deus é comigo, assim como foi com Ló
(não permitiu que tocassem em minha vida).

dezesseis dias...

O crack não respeita classe social

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Vencendo a dependência ( minha história- final)





Durante o tempo em que morei na casa dos meus sogros tive todo carinho e cuidado
da parte deles. Sempre prestativos e preocupados eles me levavam todos os dias para igreja.
Com retorno ao convívio social e o amor pelo bebê fui me recuperando. Mas não saía sozinha.
Sempre de casa para igreja acompanhada dos sogros ou marido.
Nossa casa estava sendo construida e estava em fase de acabamento.
Um ano e meio depois quando já estavámos morando na casa,  já estava segura de mim, 
achando que "estava curada" do vício me vi sozinha ( sem a liberdade vigiada ) e com 
todas as ferramentas que a doença usa para nos manipular sem que percebamos.
Um dia de domingo, um calor de rachar e achei que poderia tomar uma cervejinha...
"Uma só não ia fazer mal, afinal já fazia mais de um ano e nem sentia vontade de me drogar..."
Puro engano...
Quando me dei conta já estava junto de outros antigos colegas usuários, e nem sabia 
direito como tudo aconteceu nem como havia ido procurar a turma. O álcool havia  despertado
a memória química da droga no organismo trazendo a inevitável recída.
Daí  bateu o arrependimento.
Voltei para casa no dia seguinte, começaram as brigas e tudo desandou...
Depois deste dia as recaídas têm acontecido a cada 1 mes e meio, 2...
Ontem fui procurar um Caps aqui na cidade me pediram para voltar na segunda com a 
documentação para o inicio do tratamento. Estou esperançosa.
Demorei para fazer isso. Sozinho ninguém consegue nada. 
Descobri que para vencer a doença, não tenho que perder minha identidade, isso  fez-me muito mal. Quero olhar para o espelho e ver uma mulher "vaidosa" e forte, reconhecer nele minha essência e não uma personagem criada pelo fanatismo . Do contrário não estou estacionando a doença e sim anulando minha existência.
Não quero me deixar manipular a ponto de não ter o direito de escolha.
 ( livre arbítrio) só por ser dependente química.


E é isso...


"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, 
coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".

O que veio depois...(minha história - parte 2)

Estava muito viciada.
Depois de 3 meses já havia perdido tudo, emprego dignidade, respeito, auto-estima.
Eu que sempre me orgulhei de ser tão independente e auto-sustentável, que cheguei a
publicar um livro de poesias, estava ali destruida pelo vicio. Todos se afastaram inclusive 
os da família a quem eu era muito ligada.
Resolvi mudar tudo, saí da cidade tentei uma vida nova com meu filho a quem tanto fiz sofrer,
na época já adolescente.
Passei uns 4 ou 5 meses limpa, arrumei emprego, aluguei uma casa e recomecei a vida ao
lado de um rapaz evangélico, porém eu era espírita kardecista e isso trouxe muitas brigas e 
rejeição  por parte da família dele que é evangélica pentecostal, aos quais ele é muito ligado.
Ainda assim seguimos aos trancos e barrancos. Abandonei o centro espírita com tristeza na alma
até uma recaída minha e ele descobrir tudo.
Ficou do meu lado contra a todos e prometeu ajudar.
Muitas coisas aconteceram e dois anos depois me entreguei à droga diariamente. 
A familia pressionou, nos separamos, descobri que estava grávida e  mesmo assim fui parar na cracolândia deixando meu filho mais velho aos cuidados de uma irmã. 
Contei a uma amiga através da internet sobre o bebê e meu marido ficou sabendo.
Passava dias a me procurar por lá, gastando dinheiro com falsas informações.
Eu vendia drogas durante o dia para pagar a diária de uma pensão onde a noite ia para me drogar.
A policia não me parava por causa da barriga e eu vendia muito, era querida pelos "patrões".
Pensava em voltar, tinha medo, vergonha, mas também pensava no bebê.
Já estava no sétimo mês de gestação quando tomei coragem e resolvi voltar.
O bebê nasceu saudável e tem hoje 1 ano e 10 meses, é a coisa mais linda do mundo.
Fiquei 1 ano e meio limpa até a primeira recaída.
Mas não me entrego, nada está perdido.


Ps: hoje estou limpa há 15 dias desde a última recaída.

O primeiro contato ( minha história-parte 1)

Vou tentar resumir tudo para que o texto não fique muito cansativo.
Tudo começou no ano de 2006 logo depois que o brasil perdeu a copa.
Na época eu morava com um homem havia 2 anos.
Eu sabia que ele era depedente químico, mas nunca o vi usando nada.
Ele sumia,  ficava muito tempo longe de casa e aparecia dias depois todo arrependido e eu o perdoava.
Até que um desses dias eu saí do trabalho e fui com algumas amigas a um bar tomar uma cerveja, estava triste, de cabeça quente por tudo que estava acontecendo.
Cheguei em casa ele estava trancado no banheiro e pela primeira vez desconfiei que ele estava usando dentro de casa. Estava.
Saiu do banheiro com uma lata de cerveja amassada e em cima dela cinza de cigarro e uma pedra amarelada que ele queimava com um isqueiro, depois de dar uma tragada empurrou a lata em minha boca e disse categórico fuma!
Fumei, reação instantânea, euforia, prazer, auto-confiança e em seguida a vontade de mais.
Perguntei então o que era aquilo e ele me informou que era crack.
Eu já tinha ouvido falar mas não sabia o que era até aquele maldito momento.
Foi neste dia que minha vida começou a se destruir.